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UMA VIDA DE ARTE

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CURRÍCULO

Roberto Galvão nasceu em Fortaleza, em 1950. Bacharel em História, com mestrado em História Social, na UFC, onde defendeu a monografia “A Escola Invisível: Artes Plásticas em Fortaleza (1924 – 1958)”. Foi aluno do primeiro curso de Educação Artística / Artes Plásticas realizado no Nordeste, com carga horária de 360 horas-aula, na UFPb, onde apresentou a monografia “Chico da Silva e a Escola do Pirambu”. Fora do ensino formal, freqüentou aulas, seminários e palestras de diversos professores de técnica e teoria da arte e manteve contatos com artistas mais experientes, como Aldemir Martins, Heloísa Juaçaba, Zenon Barreto e Descartes Gadelha, que muito auxiliaram na sua formação.

A partir de 1975, quando assume a direção da Galeria Gauguin, começa a desenvolver trabalhos de curadoria de exposições individuais de artistas de projeção nacional em Fortaleza, como Dorothy Bastos, Geza Heller e Carlos Leão. Em 1979, é convidado para ocupar a direção da Casa de Cultura Raimundo Cela sendo, dois anos depois, promovido a diretor da Divisão de Apoio a Programas Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.

Em 1980 assume a cadeira de Artes Plásticas no Conselho Estadual de Cultura, cargo que ocupa por dois mandatos, totalizando oito anos. Nesse período também responde pela curadoria do VII, VIII e IX Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará e outras mostras como “Juventude Dourada” – coletiva comemorativa dos 20 anos da Casa de Cultura Raimundo Cela –, e “Fortaleza Tempos de Guerra” – exposição multimídia sobre as artes na Fortaleza dos anos quarenta, no Palácio da Abolição. A partir dos anos 1980, inicia-se na realização de trabalhos de reconhecimento de autoria e avaliação de obras de artistas cearenses.

A partir de 1984 escreve artigos sobre artes plásticas em jornais e revistas de Fortaleza. Em 1985 publica o seu primeiro livro: Chico da Silva e a Escola do Pirambu. Desde então publicou mais de dez títulos, dos quais destacamos Uma Visão da Arte no Ceará (1986), Chico da Silva: Do Delírio ao Dilúvio (1995), Arte Tremembé (2005), Aracati: Labirintos de Sonho e Luz (2006) e A Escola Invisível: Artes plásticas em Fortaleza 1928-1958 (2008). Em 1994, inicia a publicação semanal de artigos no Jornal O Povo, onde permanece escrevendo sobre artes plásticas até o final de 2000, no caderno cultural Vida&Arte. É membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA.

No início da década de 1990 é convidado pelo Instituto Cultural Itaú para realizar a curadoria no Nordeste da mostra BR-80, com coordenação geral de Frederico de Morais. Ainda nos anos noventa cria, para o Centro de Dirigentes Lojistas de Fortaleza, com José Mesquita, o “Parque das Esculturas” e o Prêmio CDL de Artes Plásticas, do qual exerceu a curadoria em 1994, 1995 e 1996. No final da década assume o Salão Sobral, sendo seu curador até 2004. Também trabalhou como assessor técnico da gerência na implantação do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, até 2001.

De 2000 a 2007 foi professor das disciplinas de História da Arte, Arte Educação e Cenografia de Exposições no Curso de Artes Visuais da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, curso pioneiro no Ceará, que ajudou a criar, aprovar e reconhecer no MEC; e outras instituições de ensino superior do Ceará como FA7, FANOR, UECE, UVA e UNIFOR. Ainda no ensino superior, em 2005, coordenou o Curso de Especialização em Arte Educação, na UVA Sobral.

Como artista tem obras nos acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo; no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará; no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro; no Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza; e no Museo Nacional del Grabado, da Argentina, em Buenos Aires. Consta no Dicionário de Artes Plásticas do Brasil, Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos e Dicionário de Pintores Brasileiros.

Participou de exposições coletivas em várias cidades em países como Brasil, Argentina, Cuba, Uruguai, Estados Unidos, Espanha, França, Alemanha, Polônia e Bulgária. Dentre as mostras oficiais de que participou, destacamos o Salão Municipal de Abril (Fortaleza 1971/72), Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará (Fortaleza 1969/1973) e Brasil Plástica 72 (São Paulo 1972) e o Prêmio Norman Rochwell, que lhe conferiu premiação; a Bienal Internacional de São Paulo (São Paulo 1973), o Panorama da Arte Atual Brasileira (São Paulo 1977), a International Print Exhibition – Portland Art Museum, (Portland EEUU 1997), International Print Biennial (Varna - Bulgária 1999), International Exhibition Small Graphc Forms (Lodz – Polônia 2002) e da mostra “I Have a Dream”, em Nova Iorque, Atlanta, Montgomery e Memphis (EEUU), em 2009, e em algumas cidades da Espanha em 2010. Já realizou mais de vinte mostras individuais em Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Teresina, Palmela, Madri, Barcelona e Paris.

De 2007 a 2009 ocupou a Diretoria de Ação Cultural do Instituto de Arte e Cultura do Ceará – IACC, instituição responsável pela gestão do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, do Centro Cultural Bom Jardim e da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho; Atualmente é consultor dos núcleos de Cultura, Artesanato e Turismo do SEBRAE-Ce e presidente do Instituto Escola de Cultura, Comunicação, Oficios e Artes, ECOA SOBRAL, organização sem fins lucrativos que atua nos campos da ação sócio-cultural, educação estética e gestão da cultura.

DEPOIMENTOS

POR ARTUR EDUARDO BENEVIDES

Fortaleza, 1980

Galvão sabe o que pinta e por que pinta. Tem a consciência de sua missão histórica na captação do mistério das cousas e na compreensão dos elementos que se ligam ao ser, ao tempo e ao mundo sob o enfoque trans gurador da arte.

POR EDUARDO CAMPOS

Fortaleza, 1980

Roberto Galvão confere aos seus quadros aquele“mais”que só artistas de apropriação estética realmente expressiva têm a felicidade e também a coragem de criar.

POR OLÍVIO TAVARES DE ARAÚJO

São Paulo, 1981

A pintura de Galvão possui qualidades próprias que individualizam seu lugar no panorama da atual produção plástica do país. Sem ser regionalista, o que seria diminuir sua abrangência, é uma pintura interessada na visualidade do Nordeste, em suas luzes, em suas cores, nos amplos espaços encontrados na região, a partir dos quais Galvão elabora suas obras.

Sobre RG: Notícias
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POR JACOB KLINTOWITZ

São Paulo, 1986

Verdadeiramente, Roberto Galvão discute a perenidade do real. Não é su ciente para ele simplesmente saber o que observa. Ele deseja encontrar o coração da matéria, o cerne do existente. Nada o preenche, salvo a veri cação de sua própria percepção que lhe identi ca com a realidade. Perceber é ser. (. . .) Esta é a dualidade que organiza o seu trabalho. De um lado a veri cação do cotidiano e o desejo de ser el ao fugaz. De outro lado, a necessidade existencial de tocar a essência da matéria. É deste jogo ambíguo entre a realidade e a inteligência da realidade que Roberto Galvão obtém este vigor gestual, a rapidez dos contornos, a doçura das manchas e a ousadia da de nição formal. A realidade das coisas. (. . .) Roberto Galvão necessita de sua pintura para formalizar este caos que o comove e tumultua. O caráter existencial do gesto do artista é evidente. E a sua pintura consegue, ainda que fundada num processo interiorizado, tornar-se registro de sua região.

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POR ANTONIO MAURA

Madri, 1991

A pintura de Roberto Galvão é feita de astros e de materiais coloidais que se formam e deformam no leito dos pântanos. É feita de gestos pictóricos no grande teatro da luz. O pintura de Roberto Galvão oscila entre a gura e seu rastro. Emergem mãos, asas e barbatanas, olhos e turbilhões no espaço do quadro. (. . .) Quem desejar conhecer esse Brasil que ui pelas veias dos grandes rios, quem pretender desvelar a miragem da terra calcinada, quem quiser sentir o tremor e a chama sobre o tédio de uma gruta ao amparo do oceano, escondida na planície deserta, que visite os quadros de Roberto Galvão, habitante do sertão e do mar que existe em Fortaleza, a cinco graus do Equador, junto com a luz requeimada de sol.

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POR CLAUDE DURVAL

Paris, 1992

Roberto Galvão pintor do Nordeste, região do Brasil abaixo do Equador, nos mostra uma obra onde se mistura riqueza de matéria e forma primitiva. (. . .) Sua pintura objetiva exprimir toda a magia, o charme e a fantasia deste mundo mestiço que é o Brasil, onde se fundem, num rico sincretismo, culturas européias, negras e índias. O ocre das terras dos tempos prodigiosos, o azul dos mares e dos céus e o rosa das águas, participam dessa magia. (. . .) Ele nos fala de um tempo de força primordial e de futuro perpétuo, de um mundo que se busca e de sua exploração.

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POR FRANCISCO LARA

Madri, 2011

Distante do cosmopolitismo provinciano e do exotismo regionalista, as paisagens de Galvão não são reproduções da realidade. São construções estéticas que nos permitem sonhar a paisagem. A intenção do artista é nos despertar para a consciência do mundo que nos rodeia e que nem sempre percebemos em sua mais signi cativa expressão. O artista, sob o tórrido clima equatorial, exprime toda a riqueza plástica, a beleza e a mestiçagem do nordeste onde se fundem, num mesmo cadinho, a ancestralidade africana, a sabedoria dos indígenas locais, as representações ibéricas, lúdicas e religiosas, com as imagens e possibilidades técnicas do mundo globalizado de hoje. (. . .) A obra de Galvão, além de re etir o autor e seu entorno, é suscetível de servir como símbolo estético do Ceará e do Nordeste.

POR ALEXSSANDRA XIMENES

Fortaleza, 2014

Aqui, através da mão do artista a natureza pede passagem. As figuras cambiantes parecem deslocar-se, contorcendo-se em busca de uma nova relação com o espaço. Como se lhes tivesse sido negada a dignidade do pertencimento a um lugar. Para além da sua identidade como figuras da natureza, agem como massas carregadas de energia; querem ocupar outros lugares, um novo topos além do senso comum.

A Cor pulsa. Cada galho, raiz, espinho, flor anunciam seu poder. Sustentam a força do movimento. As imagens assumem significações múltiplas. Conduzem-nos com sinuosas luzes e matizes ao prazer intelectual. Gozo que o olhar apurado detecta no tratamento cuidadoso e sofisticado das técnicas escolhidas... e nos arrebata!”

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POR CESAR ROMERO

Salvador, 2014

Mato Branco é de extremado re namento, original em suas estampas, com rigoroso fazer. (. . .) Seus trabalhos têm referências do seu estado natal, que a natureza contemplou com praias paradisíacas, clima ameno das regiões serranas e paisagens áridas. Roberto Galvão se debruçou sobre a desolação da rarefação vegetal para produzir esta série. Inicialmente, compôs 20 peças em preto e branco, que serviram como pretexto para a colocação de cores, as mais diversas num processo multiplicativo das imagens, não cor, em várias possibilidades inventivas. Depois das cores escolhidas, com bons ajustes, ele prensa a matriz em preto e branco sobre a massa corante. Entre os delicados sulcos da matriz inicial, surgem as cores ltradas, sugerindo riscaduras nas mais variadas direções do papel, criando uma curiosa trama, mistérios visuais. (. . .) Lá estão as folhagens, as orinhas, os galhos e frutos, entrecruzados, emanando luzes bem dosadas, fruto da experiência e de um olhar educado, treinado na observação dos resultados.

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POR VEVEU ARRUDA

Sobral, 2017

Convivo com Roberto Galvão há muito tempo, criamos amizade e afeto mútuos. E suas características pessoais irrigam e adubam essa nossa amizade. Percebo que Galvão é manso e brabo, que é delicado e forte. Sereno e duro (embora essa dureza se expresse em gestos silenciosos, mais que em palavras). Percebo que tem a resistência da sola, couro curtido no sol sertanejo e a força do jucá, enverga mais não quebra, e depois de seco é que nem rocha, pedra dura. Percebo que Galvão do pouco, do quase nada faz muito, faz demais. Percebo que há amor na sua vida, seja quando olho para a Lúcia, lhos, netos, seja quando quando vejo o seu jardim, cheio de orquídeas ou nos temperos da sua cozinha para encontros de amigos. Amigos, Roberto Galvão os têm! Percebo que é seu coração forte e generoso e a sua cabeça criativa e inquieta lhe enche de vida. É só olhar o muito que já fez e o mundo de coisas que ainda tem por fazer. E percebo tudo isso quando lembro de tudo, nestes mais de vinte anos de convivência em Sobral.

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